Desabafos Turcos…

Pela primeira vez em quase 4 anos tive a brihante ideia de aliar trabalho com prazer. E foi isso que me trouxe à Turquia por 4 dias, agora mesmo, no iniciozinho do ano, assim como quem não quer a coisa.

Se nunca o mencionei, afirmo agora: Eu não sou fã de turismo. De turistas gosto menos ainda. E é por isso que vir a Antália durante o Inverno acabou por ser a escolha acertada. Não, não tive a oportunidade de andar de blusinha de alças e de pernoca ao léu, mas os casacos e calças compridas num país muçulmano não são de todo má ideia. E tivemos todas as coisas bonitas só para nós e mais meia dúzia de turistas fora de época.

A Turquia é, em muitos sentidos, parecida com Portugal. E é aí que a indecisão me assola porque, mesmo sem querer e sem as poder controlar, as opções que tenho neste momento rodopiam na minha cabeça.

O que é importante na vida? O que é que nós faz feliz? O que é que eu quero da vida?

O SOL – o sol é crucial na minha vida e por isso a Áustria está totalmente fora de questão para o próximo ano. Meta atingida: já sei onde NÃO quero estar.

Mas agora onde é que eu quero estar? Será que estar rodeada da família e de amigos que têm já uma vida alinhavada sem nós me fará feliz? Mesmo morando num país em sério risco de bancarrota? E, principalmente, rodeada de pessoas (pessoas em geral, daqueles que andam na rua e no metro e que são entrevistados pelo telejornal) pessimistas, negativistas, conformadas com o bacalhau com grão e com o sol que abençoa o nosso rectângulo à beira mar plantado, que provavelmente não sorrirão com a felicidade do próximo, mas que, pelo contrário, deitarão “olho grande” às conquistas alheias? Na Áustria nunca tive a oportunidade de contactar com a crise. Dizem que ela anda por aí, mas a vida lá continua calma e ritmada, ainda que no ritmo que quase se assemelha a rigor mortis.  Mas isso tem a ver com a própria cultura e pronto, é assim mesmo, quem está mal que se mude!

Mas não pensem que sair da Áustria, país que sempre critiquei, é fácil. Tenho amigos e ligações tão fortes, que posso assumir, que neste momento tenho quase tanta energia a impelir-me a ficar como a que sempre me atraiu a voltar a Portugal. Detesto a Áustria e detesto a língua Alemã (desculpa S., desculpa C.!!!), mas adoro o que faço e acima de tudo adoro os meus amigos (maioritariamente emigrantes também) e a ligação que criámos ao longo dos tempos. E sim, tenho que admitir, a Áustria funciona e  na Áustria ‘tá-se bemmmm!!!!

E depois a carreira… Eu sou uma pessoa de carreira. Não vale a pena dizer o contrário. Nunca deixei de fazer nada por um namorado ou por uma relação. Sempre me disseram: “hás-de fazê-lo quando encontrares THE ONE!”. Não, “não hei-de” coisa nenhuma. Eu não sou assim, e pronto!  Casar, ter filhos, sim senhor, lindo, maravilhoso, também gostaria. Mas com a mesma convicção que disse há 4 anos quando cheguei à Áustria que nunca teria um namorado Austríaco (e não tive, nem sequer conheci potenciais namorados de origem Austríaca) digo: não trocarei a minha realização profissional por lavar, cozinhar e trocar fraldas. Podemos chegar a um equilibrio, mas nunca abdicarei do meu EU por isso.

E chega de desabafo… E fica isto aqui registado, para mais tarde recordar. Quiçá amanhã encontro o turquinho da minha vida e largo tudo e venho morar com a sogrinha, situação típica na Turquia, e chego à conclusão que estive enganada este tempo todo. Ui,  os ares da Turquia fazem o neurónio ficar maluco. Deve ter sido excesso de sol na varanda hoje.

Senhora MF, obrigada pela companhia. Foi óptimo, passaste o teste e portanto agora “the sky is the limit!!!”.

Um beijo com saudade.