quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sobre o escutar. E não apenas ouvir.

Há pessoas assim. Pessoas cujo altruísmo, bom carácter, bondade e equlíbrio as impele de se tornarem o pilar, o modelo, o exemplo de outras.

Pessoas a quem pedimos conselhos quando estamos em baixo. A quem contamos os nossos problemas, por menores que sejam – porque os nossos problemas são sempre mais problemáticos que o dos outros (ou como diz o povo: “pimenta no cú dos outros é um descanso”). De quem esperamos sempre uma palavra sábia.

E essas pessoas (raras, raríssimas) ouvem-nos, ajudam-nos, aconselham-nos, impedem-nos de fazer coisas pelas quais mais tarde nos arrependeríamos de certeza, dizem-nos coisas que muitas vezes vão contra o que gostaríamos de ouvir (mas quem disse que os bons amigos são aqueles que nos dizem o que queremos ouvir?). Essas pessoas não nos interrompem quando estamos no meio da nossa agonia, a contar os nossos “problemas”. Essas pessoas vão de encontro às (nossas) expectativas e sim, sempre têm uma palavra sábia para nos dizer.

Até que saímos do nosso mundinho e percebemos que a voz dessa pessoa está triste. Na realidade a voz dessa pessoa anda triste há meses. Anos até. E nós nunca a inquirimos – realmente e com vontade de ouvir, escutando – sobre como a sua vida corre.

Nesse momento percebemos o quão egoístas fomos. Aí apercebemo-nos de que o amor dessas pessoas por nós levou a que elas tenham preterido da sua felicidade em função da nossa.

É nesse momento em que devemos dizer-lhes que já chega. Porque uma pessoa só pode ser o pilar, o modelo, o exemplo de outras se estiver bem consigo própria, se for feliz – ou na impossibilidade temporária disso - se buscar a felicidade.

É que a vida, embora não seja fácil, é só uma e vale a pena ser vivida.

É que medos, todos temos, mas tal como a um animal endiabrado, nós devemos dominá-lo e não deixar que ele nos ganhe.

Agora sou eu a dar-te a mão! Com (bastante) pena dessa mão ser necessária, mas com orgulho de a poder dar.

Um beijo com saudade.

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