segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Taras e manias

Durante toda a minha infância e adolescência fui uma moça um pouco obcecada.

Obcecada com os micróbios (essa preocupação piorou quando tive aulas de microbiologia e aprendi que o papel higiénico é apenas uma barreira contra a sujidade visível e que portanto quando vamos à WC fazer o número 2, é REALMENTE importante que lavemos as mãos a seguir. Não que alguma vez necessitasse disso para saber que devo lavar as mãos depois de visitar a casinha).

Obcecada com doenças que pudessem vir da ingestão de alimentos contaminados com algum elemento tóxico – como exemplo tenho o facto de ter ficado uns 2 anos sem comer carne de vaca aquando do caso da BSE. Ou com fungos, ou alimentos fora de prazo de validade.

Obcecada com marcas que testassem em animais (o site da PETA na altura era uma fonte de informação crucial).

Hoje em dia, continuo a divulgar a importância de lavar as mãos (ATENÇÃO: não sou obcecada e não ando sempre a limpar e a desinfectar a casa e as mãos, e mais, viajo com frequência relativa para países como a Índia onde a ideia de boas prácticas de manipulação de alimentos, por exemplo, ainda não chegou).

Trabalho em micotoxinas, por isso NUNCA como nada que tenha bolor e evito amendoins e frutos secos (dado que são dos alimentos com maior probabilidade de contaminação). Confesso que às vezes o chouricinho que trago de Portugal começa a criar bolor e eu timidamente lavo-o e finjo que não é nada comigo (também não quero viver até aos 200 anos, né?!)

Mas – e o que me fez escrever este post – é o facto de grande parte do meu trabalho ser dedicado à preparação de ensaios com animais. Experiências em que a ideia é contaminar rações, dá-las aos animais, induzir sintomas de toxicidade e observar o efeito de um produto. Conclusão: Já fui uma pessoa muito mais “simpática” do que sou hoje.

(Não se preocupem, no final de contas é tudo por um bem comum: A eliminação de micotoxinas nos animais reduzirá também o carry-over destas substâncias tóxicas para a cadeia alimentar. Ui, afinal de contas se calhar até ganharei 1 Prémio Nobel.)

Um beijo com saudade.

1 comentário:

Anónimo disse...

De facto, acertaste no teu trabalho.. Quem melhor do que tu para ele:-)
um beijo com saudade... Um não, seis!