domingo, 27 de maio de 2012

Prazos

"Dou-lhe 4 meses de vida." diz o médico a um paciente com uma doença terrível. Isto é provavelmente a pior coisa que se pode ouvir.
Na realidade, o médico que diz tal coisa está nitidamente a abusar do poder que tem, porque esta coisa da vida e da morte tem muito mais que se lhe diga.
E se uma pessoa sai do consultório e com a confusão das ideias, tropeça e cai e vem um carro e passa-lhe por cima e o mata? Eu cá, sendo familiar, voltaria ao consultório para reclamar o restante tempo que lhe havia sido prometido...
Bom, mas adiante porque o ponto onde eu quero chegar é outro...
Pior do que um médico ou qualquer outra pessoa que julga ter poder sobre o milagre da vida e o mistério da morte nos dar um "prazo" é a própria pessoa dar-se um prazo.
O meu querido Pai acha que não deve ir avante com uma oportunidade que agora se avista porque não tem mais 7 anos de vida. Aliás, ele vai mais além dizendo que "não chega a tempo" para celebrar os 50 anos de casado no próximo ano.
Não sei se ele diz essas coisas para ser alvo de pena e comiseração ou se acredita mesmo nisso. De qualquer modo tenho para mim que fazer esse tipo de planos e dizer esse tipo de coisas é perigoso. Geralmente as pessoas começam a acreditar no que dizem e fazem os possíveis para cumprir os prazos. A cabeça é que manda!
Eu cá prefiro fazer planos para daqui a 100 anos até... Se entretanto cair, bater com a cabeça e for desta para melhor (?! Ou pior?!), olha.... Temos pena!

Como sempre tenho vindo a dizer, feliz ou infelizmente, a vida não é como a industria de produção de frangos ou como a logística, onde geralmente se pratica o "all in, all out" ou o "first in, first out".

Planeie-se a vida e não a morte!

Um beijo com saudade


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