sábado, 19 de maio de 2012

Not my BFF

A partir dos meus 19 anos - e provavelmente impulsionada pela experiência do meu erasmus na Holanda comecei a ser uma pessoa moderadamente social. Deixei de corar de cada vez que falavam comigo e inclusive auto-propus-me para entertainer de serviço em alguns círculos restritos de amigos (a maioria dos quais com várias fontes de animação e gargalhada).
De um modo geral faço mais amizades do que desfaço. As duas ou três que - em adulta - efectivamente desfiz (ou seja com direito a indignação de ambas as partes e e cessação de comunicação de forma bilateral, ou por miúdos, chateamo-nos e deixamos de falar) são uma nódoa na minha história. Porque sempre que vou num avião com turbulência fico a pensar na estupidez de certos actos e na infantilidade que envolve certos acontecimentos e no que ficou por resolver.
Bom, posto isto e voltando ao tema em questão, sou relativamente tolerante e aberta a diferentes culturas - tenho os meus preconceitos, como todos temos, mesmo as pessoas que dizem ser isentas de quaisquer juízos de valor - e facilmente vejo pontos em comum com os que me rodeiam.
Pois esta semana fui encontrar-me com um grupinho ao qual tive acesso do fórum de expatriados local. Eu a pensar que ia encontrar a minha bff (ahahah, viva a Paris Hilton) e calham-me 4 marmanjos. Só pensei no quão difícil seria justificar tal reunião ao meu Alimone fofo, mas já que já lá estava....
Em reuniões deste género tenho por vezes a sensação de não ser tão tolerante como divulgo. O holandês que estava no grupo, que falava cheio de confiança, arrastando a voz e revirando os olhos porque na realidade pouco lhe interessa o impacto que causa, partilhou sem problemas que deixou de estudar para vender carros, mas depois o papai disse-lhe que ele tinha que trabalhar a sério e deu-lhe a escolher diferentes países dos quais ele escolheu Singapura (creio que a empresa é do papai mesmo). Disse sem problemas que só trabalhava quando queria. Paga 5.000 de renda, que na realidade não tem de pagar porque a empresa (=papai) paga, 400 ou 500, nem sabe (porque dinheiro não é seu problema) à empregada. Ia de férias 3 semanas a Bali, pagas pelos pais, que de vez em quando o obrigam a ir a estes locais aborrecidos... Trazia uma tshirt (feia e rota) que lhe tinha custado 300 dólares, mas isso na altura em que a mãezinha lhe dava o cartão de credito para a mão, porque agora ele dá muito mais valor ao dinheiro. Sim, ele contou tudo isto...
Adoro pessoas assim, sem pudor de falar sobre os seus problemas e das suas conquistas pessoais diárias.
O melhor da noite foi quando ele me disse que a Alemanha era o pior pais da Europa e por conseguinte a nacionalidade alemã a pior para se namorar. Ao que eu respondi sem demora: "pior que isso, só se namorasse com um holandês".

Acho que foi o inicio de uma bela amizade.

Um beijo com saudade!

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